Vídeos mostram flagrante de pagamento de propina envolvendo empresa e secretário de obras de Missal
Data: 23/10/2019
Um flagrante de pagamento de propina envolvendo uma empresa e o Secretário Municipal de Obras, Urbanismo e Transportes de Missal, no oeste do Paraná, foi registrado pela Polícia Civil. Assista ao vídeo acima.
A RPC teve acesso com exclusividade aos vídeos gravados pelos policiais durante uma operação que resultou na prisão de onze pessoas, em 16 de outubro.
Flagrante
Nas imagens é possível ver que, na entrada de Missal, um carro é parado pelos policiais. Dentro do veículo está Cleverson Jair Falabretti, funcionário da Engematsu, empresa que fornece peças e faz manutenção de máquinas pesadas para várias prefeituras da região oeste.
Ao vasculhar o carro, os policiais encontram uma caixa com R$ 5 mil. Para a polícia, ele diz que o dinheiro é para “despesas de viagem”.
O funcionário é liberado, mas continua sendo monitorado dentro de uma investigação autorizada pela Justiça e conduzida pelo Núcleo de Foz do Iguaçu, também no oeste do estado, da divisão de combate à corrupção da Polícia Civil.
Instantes depois, Falabretti é gravado de novo, já no estacionamento da Prefeitura de Missal onde espera o secretário de obras da cidade Pedro Jucelino da Rosa.
O secretário pega a caixa, conversa por alguns segundos e vai embora. Para a polícia, a caixa é a mesma encontrada antes pelos policiais e o dinheiro é propina.
Investigação
A investigação começou em março deste ano, depois de uma denúncia anônima.
No despacho que autorizou a operação, o juiz Hugo Michelini Júnior afirmou que há informações de que as irregularidades ocorriam no recebimento de “peças remanufaturadas”, como se fossem novas, superfaturamento de preços e pagamento de peças que não eram efetivamente entregues e utilizadas na frota máquinas pesadas.
As empresas investigadas estão ligadas a dois empresários da região: Manoel Antonio Trindade e Gerson Miotto.
Os dois empresários, o secretário de Missal, servidores da secretaria de obras e empregados das empresas foram presos durante a Operação Retrocase. As prisões temporárias deles foram prorrogadas no fim de semana.
Somente em Missal, o contrato sob suspeita é de R$ 1.800.000. A polícia investiga a atuação do grupo em outras seis cidades.
Com o material que foi apreendido, a polícia vai continuar com as investigações para identificar os crimes que foram cometidos pelo grupo. A análise de quebras de sigilo fiscal, interceptações telefônicas e de outros documentos vai apontar o tamanho do prejuízo aos cofres públicos nas cidades em que o esquema funcionava.
Até a publicação desta reportagem, todos os presos ficaram em silêncio durante os depoimentos.
O que dizem os citados
O advogado da Engematsu, do dono da empresa, Manoel Trindade e do funcionário Cleverson Falavretti afirmou que os clientes negam as acusações e que vai provar que o encontro não foi para entregar propina.
A Prefeitura de Missal afirmou que desconhecia qualquer irregularidade e que está colaborando com as investigações. Disse também que suspendeu por tempo indeterminado a execução dos contratos da licitação que está sob investigação, além de instaurar uma sindicância para apurar as supostas irregularidades.
O advogado de Pedro Jucelino da Rosa afirmou que o cliente nega veementemente as acusações e que vai provar a inocência dele.