“Estamos pagando para trabalhar”, desabafa produtor de leite de Palotina

Data: 06/07/2022

O alto custo da produção está dificultando a vida dos produtores de leite. Os motivos são os mesmos que levou às altas para o valor do produto ao consumidor final: insumos mais caros, alimentação mais cara aos animais, alto valor dos combustíveis e outros gastos que têm inviabilizado e feito muita gente desistir do negócio.

“Infelizmente o produtor de leite não está recebendo nem 10% do aumento que ocorreu nas gôndolas do supermercado. Estamos sofrendo e o alto custo da produção faz muita gente desistir”, desabafa Edmilson Zabott, que é vice-presidente do Sindicato Rural Patronal de Palotina, Oeste do Paraná, e também é produtor de leite.

“Também estamos enfrentando, há dois anos, a baixa qualidade na produção de alimentos para estes animais. Com isso, temos que gastar muito dinheiro com ração. Temos um custo elevado com energia, com combustível principalmente”, ressalta.

A manutenção dos equipamentos e as medicações que são necessárias para os animais também estão com preços assustadores. “É uma situação grave o valor que pagamos na medicação usada nos plantéis de gado leiteiro. Parece que está tudo contra o produtor rural, estamos pagando para trabalhar”, afirma.

Com o alto custo, muitos produtores desistem das atividades. A oferta diminui e isso encarece ainda mais o preço final do produto no supermercado. “São produtores que tinham nessas atividades suas fontes de renda, mas isso está acabando e os produtores estão vendendo os animais e até vendendo as propriedades para migrar para a cidade. É preciso lembrar que todos precisam do homem do campo e da terra para produção de alimentos”, ressalta.

A reportagem do Portal Sou Agro conversou também com o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, que ressaltou que a principal causa do aumento do preço do leite nas gôndolas é a menor oferta do produto nos laticínios e que isso se deve, principalmente, à elevação dos custos de produção.

Nos últimos anos, houve uma alta de 62% nos custos para o produtor, gerando uma elevação de 43% no preço ao consumidor.

Em pesquisa referente à compra de leite pelos laticínios no primeiro trimestre do ano, os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelaram uma queda de 10,51% em comparação aos três primeiros meses de 2021 . Essa foi a quarta queda trimestral consecutiva e a maior em uma avaliação trimestral desde o início da pesquisa, em 1997.




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