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Sem dinheiro no Paraguai - 2/08/2015
Postada por José Pereira Em resposta à Muitos dos que reclamam agora não passou a metado do que meu passei , postada por José Pereira
Meu irmão foi para o Paraguai, nos causando um terrível vazio. Por outro lado eu via o sofrimento de minha mãe, por esse filho que ela tanto amava.
Um dia cheguei a ela e disse me dê seu filho que eu vou buscar. De todo coração te dou meu filho. Para você eu dou vá buscar.
Coloquei 700 cruzeiros, ou mil cruzeiros. Quando se fala em dinheiro sempre me atrapalho, devido as tantas mudanças. Achei que fosse suficiente, ou mais que suficiente. É que numa semana anterior fui a Curitiba, que temo dobro de distância com 400 e sobrou dinheiro, além da mercadoria que comprei.
Então sai de viagem. Sai numa quinta feira a noite, para amanhecer em Foz e assim ganhar tempo. Na sexta feira de manhã atravessei o rio. Mas só tinha ônibus a tarde.
Assim passei a manhã toda na hoje Cidade de Leste. onde começou o terror. Na hora do almoço não pude saboriar a comida paraguaia, oferecida no hotel.
Peguei o ônibus com destino a Santa Rosa e de lá a Naranjal, onde estaria meu irmão. Numa cidadezinha depois de Santa Rosa teve uma parada mais prolongada do ônibus, então ali convecei com um taxista.
Depois seguimos viagem. Chegando a Naranjal fiquei sabendo que meu irmão já não estava mais ali. Mas estava agora num povoado que estava sendo fundado, que chamava Nova Santa Rita.
Para Nova Santa Rita não tinha mais ônibus. Mas consegui uma carona num Corcel. Durante a viagem conversando com o motorista esse disse conhecer meu irmão e sabia em que lugar estava. Ainda prontificou me levar até ele, se acaso pusesse a gasolina no seu carro.
Já era de noitinha quando saimos para irmos onde estava meu irmão. Mas acontece que o carro teve problema, quando estávamos perto. O motorista me como chegar no tal lugar, e pediu que fosse buscar socorro.
Sai andando no meio a mata durante a noite, seguindo um trilho de rodado de caminhão. A escuridão era tanta que eu me orientava pelo mato que batia em minhas peras. Quando batia de um lado eu direcionava para o outro e vice e versa.
Cheguei no povoado onde estavam construindo uma serraria e fomos buscar o carro com um trator, que não tinha farol, usando apenas um farolete.
O carro foi amarrado no trator, para voltar foi usado o farol do carro. durante a noite vi vários bichos cruzar o carreador. então fiquei sabendo que até onça tinha ali.
Passei a noite no acampamento, onde tive uma saborosa janta. Era arroz com feijão puro, mas era gostosa de mais. Talvez fosse pela fome. Porque desde que entrei no Paraguai a grana ia evaporando e tinha de economizar até no comer.
No outro dia bem cedo sai a pé rumo onde estava meu irmão. Por volta das 9 horas encontrei sua casa. Eram duas redes, amarradas em árvores nativas. A casa não tinha teto, não tinha parede, não tinha nada.
Uma panela de ferro estava espindurada num tripé de madeira, com fogo embaixo para cozinhar o feijão. Seguindo um barulho no meio da mata encontrei um senhor, falei o motivo de minha estadia.
Então esse senhor chamou meu irmão, dizendo, venha aqui que a polícia veio te buscar. Que venha! Disse ele animado. Quando me viu senti que desabou. Depois de um momento em silêncio me perguntou, que veio fazer aqui? Vi te buscar. respondi.
Falou com toda firmeza. Vou não. Diante da recusa aquele senhor perguntou. Quantos você matou no Brasil? Nenhum respondeu ele. Então vá. Só estou aqui porque não posso voltar.
Diante da força do amigo ele disse. Então espera pegar meus documentos.
Como a grana estava acabando torcia era para que ele tivesse algum dinheiro. Mas não tinha.
Pegamos a estrada a pé afim de chegar a Naranjal, onde seria possível pegar ônibus. Nesse percurso pegamos uma carona. Parecia que o dia sorriria para nós.
Mas ao chegar a Naranjal a surpresa. Ônibus aos sábado só 8 horas a manhã, e já foi. Agora só segunda feira.
Eu já tava cheio de Paraguai, queria era vir embora. Se bem que tinha alguns amigos em Naranjal onde podoa ficar até segunda.
Informando fiquei sabendo que em Santa Rosa tinha ônibus para Cidade de Leste no Domingo. Era 60 quilômetros. Mas era o objetivo então.
Resolvemos tirar no pé e até torcer por uma carona. Para o almoço comprei um pacote de bolacha de mais ou menos 300 gramas para os dois. E atracamos no pé, para não perde tempo ia andando e comendo bolacha.
Não precisamos tomar água, porque chovia demais. Saimos animados, mas o cansaço passou a dominar. Não passava nenhum carro para que pudéssemos pedir carona. A não ser aquele taxista da cidadezinha perto de Santa Rosa que esqueço o nome, mas fora no sentido contrário.
A vontade era esperar a volta do táxi. Mas para nós a possibilidade de vencer o barro era remota, por isso seguimos viagem.
A tardezinha o sol mostrou a cara, como para dizer que logo ia anoitecer. O cansaço era tanto que as pernas já não obedecia mais. Quando parva um pouquinho ficava travado então começava andar de ladinho como a dançar, levando assim o corpo todo.
Desistimos de Santa Rosa e o objetivo era encontrar um morador, onde pudéssemos pedir pousada. Ou um paió. andando mais um pouco avistamos um rancho. Era ali que passariamos a noite. Cheguei a sentir o barrulho dos ratos.
quando chegamos na entrada do paió, avistamos o fusca do taxixista e paramos para pedir carona. Quando o fusca chegou já vinha junto um caminhoneiro. O destino do caminhoneiro era também Santa Rosa.
O caminhoneiro passou a negociar com o taxixista, para nos levar em Santa Rosa. O taxixista pediu 30 em moeda brasileira. Propôs pagar 10 e cada um de nós pagaria 10. Não tenho condições relatei. Deixou para 15 e eu reafirmei que não tinha condições. Por fim o caminhoneiro pagou 20 e nós 10.
Chegamos em Santa Rosa comprei 3 mixirica deu uma para o meu irmão e chupei outra. Descasquei a segunda e ofereci a metade, mas ele não aceitou. Foi a nossa janta.
Procuramos um hotel. Perguntei se tinha quarto, disse que sim. Então eu disse que não tinha dinheiro. Daí já não tinha mais quarto, mas nos indicou outro. Não tinha intenção de pedir fiado, porque a intenção era nunca mais voltar no Paraguai. Pelo menos para aquelas bandas.
Chegando no outro hotel perguntei o preço do pernoite. Era 300. Depois de muito negociar ficou por 100. Puxei o dinheiro para pagar saiu 120. Não teve jeito tive de pagar 120.
Durante a noite falando com um senhor, ele disse que não ia ter ônibus no domingo, porque quando chovia não liberava a estrada. Falei para ele minha situação. Ele disse para ir na porteira, porque liberava casos urgentes, com ambulância e carros com pessoas doente e poderia nos arrumar uma carona.
Mas no outro dia bem cedo nos disse que teve notícia que as estrada estavam boas e ia libera o ônibus.
Pegamos o ônibus e prosseguimos viagem. Travessamos a Ponte da Amizade a pé, pegamos a circular que ia para Três Lagoas, onde morava meu Tio. Lá chegamos sem nenhum centavo no bolso.
Como era perto de meio dia almoçamos. Pedi um dinheiro emprestado para a passagem. Nesse momento ele riu. Antes que pudesse ter qualquer reação ele disse. Vocês tão com sorte. Tenho um dinheiro aqui, que era para ter pagado o mercado ontem. Se tivesse pago não tinha nenhum centavo.
Pegamos o ônibus e não via a hora de chegar em casa. Mas ainda teria 20 quilômetro para fazer a pé, que seria de Maripá a Santa Rita.
Na ânsia de chagar em casa, quando vi a placa de Maripá puxei a campainha e descemos. Só ai que percebi que ainda faltava mais de um quilômetro para chegar no trevo.
Chegando no Clube de Vila Blumenau, mal conseguia ficar de pé. Seria impossível chegar a Santa Rita, devido o cansaço.
Havia uma pessoas no clube passamos a conversar. falando que era de Santa Rita, um deles dizia que conhecia Santa Rita e conversando percebemos que conheciamos várias pessoas em comum.
Pedi para que ele nos truxesse a Santa Rita. Combinamos o preço. Passeia torcer que tivesse algum dinheiro em casa para pagar porque não tinha deixado um centavo quando sai. Por sorte tinha.
Fim do pesadelo! Confesso que não devido a caminhada debaixo de chuva fiquei muito tempo com fortes cãibras.
Além do mais poucos dias depois meu irmão voltou para a casa da mãe.
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